sábado, 18 de abril de 2015

Lembranças de Alexandra .... II


Já vi tantos fogos, tantas passagens, tantas promessas , e chego a conclusão que os humanos são muito iludidos. E pior, por eles mesmos, acreditam em suas próprias mentiras, rs.
Todos os anos , toda vez que o ciclo se encerra e recomeça novamente, viram anjos de candura altamente determinados.....rs, desprezíveis!!!
Quando renasci nas trevas, era apenas uma índia perdida no lugar errado, que se tornou o certo com o passar dos séculos. Essa gente veio com a idéia de que existem dias específicos em que deve reinar  o espírito de renovação e paz....nos demais, todo tipo de atrocidade será tolerado.
Não foi muito fácil aceitar minha nova realidade, lembro-me de quando a fome me atacou e aquela mocinha adormecida na varanda da casa da fazenda virou meu primeiro petisco. Não foi pessoal, nessa época eu me alimentava de tudo que cheirava tenro, quente e saboroso. Ela apenas estava na minha frente, seria qualquer um  que cruzasse meu caminho. Foi tanta fome que rasguei todo seu pescoço, ficaram todas as artérias visíveis. Com o tempo eu fui aprimorando a técnica. 
Naquela época acabei com todos das fazendas daquela região, diziam ser acometidos de uma peste descomunal.....rs. Foi uma pequena vingança pela forma como chegaram e tomaram o que era nosso. Tinham aqueles que eram de pele escura, bem mais que a minha. Esses foram trazidos pelos brancos, pois a minha raça não se submetia a escravidão imposta. Morríamos mas eramos livres e sempre seríamos. As vezes acho que mesmo com o tempo, não perdi minha liberdade indígena....
Aquele português, o que me transformou, acredito que estava querendo zombar da eternidade escura....pois até hoje, não encontrei ainda outra índia como eu....
O mundo mudou, mas a hipocrisia dos humanos continua a mesma. Isso para mim é bálsamo, pois criei uma forma de me alimentar com essas pessoas, e ainda faço um favor à humanidade....kkkkkkkkkkk. Sou quase uma anti-heroína!!!

( Andréa Costa Narita )


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